Artigos | Postado no dia: 3 junho, 2024

Negociação de contratos imobiliários: cláusulas importantes e precauções legais

A negociação de contratos imobiliários no Brasil é um processo complexo e de extrema importância para garantir a segurança jurídica de compradores e vendedores. Este tipo de transação envolve uma série de procedimentos legais e documentais que visam assegurar que ambas as partes cumpram suas obrigações e direitos de maneira adequada.

Desde a identificação precisa das partes envolvidas até a formalização da transferência de propriedade, cada etapa deve ser cuidadosamente planejada e executada para evitar futuros litígios e garantir uma transação transparente e justa. Neste contexto, é fundamental compreender as cláusulas essenciais que devem estar presentes em um contrato imobiliário e as precauções legais que devem ser tomadas durante a negociação. Siga com a leitura!

Cláusulas importantes em contratos imobiliários

  1. Identificação das partes

É essencial que o contrato contenha a identificação completa das partes envolvidas, incluindo nome, RG, CPF ou CNPJ, estado civil, profissão e endereço. Essa cláusula garante que todas as partes são corretamente identificadas, evitando ambiguidades e problemas futuros.

  1. Descrição do imóvel

A descrição detalhada do imóvel é crucial e deve incluir informações como localização (endereço completo), metragem, número de matrícula no cartório de registro de imóveis, descrição das benfeitorias e, se possível, um croqui ou planta do imóvel. Essa descrição detalhada previne fraudes e equívocos quanto ao objeto do contrato.

  1. Preço e condições de pagamento

O valor da transação e as condições de pagamento devem ser claramente estipulados. Esta cláusula deve incluir o valor total, a forma de pagamento (à vista, financiado, parcelado), as datas de vencimento das parcelas e os juros aplicáveis em caso de atraso. Em contratos de financiamento, é importante especificar a instituição financeira envolvida e os termos do financiamento.

  1. Sinal e arras

É comum no Brasil a prática do pagamento de um sinal ou arras no momento da assinatura do contrato. Este valor serve como garantia do negócio e pode ser retido pelo vendedor em caso de desistência por parte do comprador ou devolvido em dobro pelo vendedor se este desistir do negócio. As condições para devolução ou retenção devem estar claramente especificadas no contrato.

  1. Prazo para a escrituração

O contrato deve estabelecer um prazo para a escrituração do imóvel, ou seja, para a formalização da transferência da propriedade perante o cartório de registro de imóveis. Este prazo pode variar conforme a complexidade da transação e a disponibilidade de documentos necessários.

  1. Responsabilidades pelo pagamento de tributos e despesas

É importante definir no contrato quem será responsável pelo pagamento de tributos, taxas, despesas condominiais e outras despesas relacionadas ao imóvel até a transferência definitiva da propriedade. Normalmente, o vendedor é responsável por todas as despesas até a data da entrega das chaves, e o comprador, a partir dessa data.

  1. Garantias e condições do imóvel

O vendedor deve garantir que o imóvel está livre de ônus, dívidas e litígios. Além disso, deve assegurar que o imóvel encontra-se em boas condições de uso e habitabilidade. Esta cláusula deve prever a obrigação do vendedor de sanar quaisquer irregularidades ou vícios ocultos que possam ser descobertos após a compra.

  1. Multas e penalidades

O contrato deve prever as multas e penalidades aplicáveis em caso de descumprimento de qualquer uma das cláusulas pactuadas. Estas penalidades funcionam como uma forma de garantir o cumprimento do contrato e compensar a parte prejudicada.

  1. Rescisão contratual

As condições para rescisão do contrato devem ser claramente especificadas, incluindo os casos em que a rescisão pode ser solicitada por uma das partes, os prazos para notificação e as consequências da rescisão, como a devolução de valores pagos ou a retenção de arras.

  1. Foro de eleição

Por fim, o contrato deve conter uma cláusula de foro de eleição, estabelecendo o local onde serão dirimidas eventuais controvérsias decorrentes do contrato. Geralmente, escolhe-se o foro do domicílio do imóvel ou das partes envolvidas.

Precauções legais na negociação de contratos imobiliários

  1. Due diligence imobiliária

Antes de assinar qualquer contrato, é fundamental realizar uma due diligence imobiliária, que consiste em uma investigação minuciosa sobre o imóvel e suas condições legais. Isso inclui verificar a matrícula do imóvel, certidões negativas de débitos, regularidade fiscal, situação do IPTU, entre outros.

  1. Assistência jurídica

Contar com a assistência de um advogado especializado em direito imobiliário é essencial para garantir que todas as cláusulas do contrato estejam de acordo com a legislação vigente e protejam os interesses das partes envolvidas. O advogado também pode auxiliar na negociação de termos e na identificação de possíveis riscos.

  1. Análise de documentos

A análise detalhada de todos os documentos envolvidos na transação é crucial. Isso inclui contratos anteriores, certidões de propriedade, plantas do imóvel, alvarás, e qualquer outro documento que possa influenciar a negociação. A falta de algum documento ou a presença de irregularidades pode comprometer a validade do contrato.

  1. Registro do contrato

Após a assinatura, o contrato deve ser registrado no cartório de registro de imóveis competente. O registro garante a publicidade do contrato e a sua oponibilidade perante terceiros, oferecendo maior segurança jurídica para as partes.

  1. Transações digitais seguras

Com a modernização dos processos e a digitalização de documentos, é importante garantir que todas as transações digitais sejam realizadas em plataformas seguras e certificadas, utilizando assinaturas eletrônicas válidas e reconhecidas pela legislação brasileira.

Conclusão

A negociação de contratos imobiliários no Brasil exige atenção detalhada às cláusulas contratuais e às precauções legais. Cláusulas como identificação das partes, descrição do imóvel, condições de pagamento e garantias são essenciais para a segurança jurídica. Além disso, realizar uma due diligence imobiliária, contar com assistência jurídica, analisar detalhadamente os documentos e registrar o contrato são passos fundamentais para evitar problemas futuros.

Com a digitalização dos processos, é crucial garantir que as transações sejam feitas em plataformas seguras e certificadas. Seguir essas práticas assegura uma negociação transparente e conforme a legislação vigente, proporcionando tranquilidade e segurança às partes envolvidas.

Em caso de dúvidas, entre em contato com um advogado tecnicamente habilitado para uma orientação adequada e de acordo com o seu caso.

Por: Sabrina Rui